Dupla escolha: o que vale mais? Renault Sandero Expression 1.0 16V ou 1.6 8V?

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Visual interessante, espaço interno de hatch médio e preço e tamanho de compacto premium. Estes são os principais atrativos do Renault Sandero, que é vendido com três opções de motor e quatro de acabamento. Mas, pinçando apenas versão intermediária, a de melhor custo/benefício, o que vale mais: Expression 1.0 ou 1.6?

Antes da resposta é importante dizer que a Renault é a quinta montadora que mais vendeu carros no Brasil entre janeiro e maio de 2010, perdendo apenas para as “quatro grandes”: Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford. O grande responsável pelo bom desempenho dos franceses é, sem dúvida, o Sandero. Logan e Clio também ajudaram, ao contrário de Mégane, Mégane Grand Tour, Symbol, Kangoo e Scénic, que parecem apenas fazer figuração no mercado.

A versão Expression da linha Sandero está situada acima da Authentique, a de entrada, e abaixo da especial Vibe e da topo de linha Privilège. Na concessionária, o comprador vai encontrar duas opções do acabamento Expression, diferenciadas apenas pela motorização: 1.0 16V Hi-Flex e 1.6 8V Hi-Torque. Se ele entrar nos veículos, não vai notar diferença. Por fora, apenas as rodas de 15” do Sandero de maior cilindrada vão chamar a atenção – o 1.0 “calça” R14.

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As semelhanças continuam. Não importando o propulsor, o Sandero Expression vem equipado, de série, com direção hidráulica, ar quente, banco do motorista com regulagem de altura, limpador e desembaçador do vidro traseiro, pré-disposição para som, pára-choques dianteiro e traseiro na cor da carroceria, regulagem interna dos retrovisores, banco traseiro com encosto rebatível e banco do motorista com regulagem em altura.

A lista de opcionais também é a mesma. São dois pacotes quase idênticos, se não fosse pelo preço. O Expression Pack, composto por ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, trava elétrica (portas e porta-malas), sistema CAR (travamento automático das portas a 6 km/h) e alarme perimétrico, custa R$ 3.650 no 1.0 16V e R$ 3.850 no 1.6 8V. Já o airbag duplo, que vem acompanhado de três apoios de cabeça traseiros em formato vírgula e reguláveis em altura, e que pode ser vendido apenas casado com o Expression Pack, vale R$ 5.200 no Hi-Flex e R$ 5.450 no Hi-Torque.

Para o bem do consumidor, os dois pacotes deveriam custar o mesmo preço, o do Sandero 1.0. A pintura metálica custa R$ 850, não importando a motorização, e as rodas de liga-leve de 15”, disponíveis apenas para o Expression 1.6, custam R$ 730. A Renault deveria expandir a oferta e parar com a bobagem de vender o sistema ABS de freios apenas para a versão Privilège 1.6 16V.

O Sandero mede 4,02 m de comprimento, 1,528 m de altura, 1,746 de largura e 2,591 m de entre-eixos. As medidas resultam no excelente espaço para os ocupantes, que é bom para cinco adultos. O porta-malas também tem boa capacidade para a categoria: 320 litros. O acabamento é muito simples e bem feito, mas poderia ser mais requintado. O Renault também deveria ter ajuste de altura do volante e botões para acionar os vidros elétricos localizados nas portas (ao invés do painel), o que deve acontecer em breve, como no Logan 2011. A ergonomia agradece.

Por outro lado

Mas é nas diferenças entre os dois Expression que o consumidor realmente vai tomar a decisão. O Sandero 1.0 16V Hi-Flex desenvolve 76 cv de potência com gasolina e 77 cv com etanol, ambos a 5.850 rpm. O torque é de 9,9 mkgf com gasolina e 10,1 mkgf com álcool – os dois a 4.350 rpm. O modelo pesa 1.025 kg.

Já o Sandero Expression 1.6 8V Hi-Torque desenvolve 92 cv de potência com o combustível fóssil e 95 cv com o derivado da cana-de-açúcar, ambos a 5.250 rpm. O torque é de 13,7 mkgf com gasolina e 14,1 mkgf com etanol – os dois a 2.850 rpm.

O francês 1.6 pesa apenas 30 kg a mais que o irmão 1.0, e atinge seus pontos máximos de torque e potência em rotações mais baixas, fazendo o motor trabalhar mais folgado, o que ajuda a obter médias de consumo mais aceitáveis. Como o motor 1.0 precisa estar sempre cheio para explorar os benefícios das 16 válvulas, o Sandero 1.0 acaba sacrificando um pouco a média de consumo.

Ainda assim, o 1.0 bebeu menos. Enquanto o 1.6 8V fez 7,5 km/l na cidade e 10 km/l na estrada com etanol e 10 km/l na cidade e 15,8 km/l na estrada com gasolina, o Sandero 1.0 16V fez 8,2 km/l no perímetro urbano e 10,1 km/l no trecho rodoviário com álcool e 10,3 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada com gasolina.

Por outro lado, a diferença de desempenho a favor do 1.6 8V é notável. O motorista vai perceber a superioridade tanto nas arrancadas de semáforos, como na hora de fazer uma ultrapassagem, com o ar-condicionado (opcional) ligado e o porta-malas carregado com a bagagem de quatro adultos.

Qual comprar?

Então, na hora de assinar o cheque, não faça o investimento de R$ 32.290 no Sandero Expression 1.0 16V Hi-Flex (2010/2010). Prefira pagar o valor sugerido de R$ 34.590 para levar o Sandero Expression 1.6 8V Hi-Torque (2010/2010). A diferença de preço vai ser compensada pela superioridade de desempenho do motor 1.6, que vai passar maior segurança e tranqüilidade aos ocupantes. Além disso, mesmo com a maior cilindrada, ele não vai beber muito mais que o irmão 1.0.

Texto original de minha autoria publicado no Jalopnik Brasil.

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