Papo Ligeiro – Os cinco mais da Fórmula-1 2012

Force India F1/Divulgação

Aí vai meu top five da temporada 2012 de Fórmula-1.

5º lugar: Sergio Pérez. Apesar da considerável queda de rendimento após ser anunciado com um dos pilotos da McLaren ao próximo campeonato, em setembro, a participação do mexicano nos 13 primeiros Grandes Prêmios de 2012 foi notável. Nesse período, faturou 65 pontos, uma volta mais rápida e três pódios.

Pérez obteve os dois melhores resultados da Sauber em 16 temporadas na Fórmula-1: os segundos postos na Malásia e na Itália. Aliás, nessas provas, não ficou distante dos vencedores. Em Sepang, recebeu a quadriculada 2s2 atrás de Fernando Alonso; em Monza, a 4s3 de Lewis Hamilton.

Além de marcar presença entre os dez primeiros em sete corridas, o novo piloto da McLaren esteve bem perto de pontuar em outras cinco – nas quais terminou na 11ª colocação. Em uma destas, no GP de Mônaco, onde havia largado apenas em 23º – por conta de um acidente no treino. De quebra, ainda cravou a melhor volta daquela corrida.

Em classificações, Pérez levou a melhor sobre o companheiro de Sauber, Kamui Kobayashi. É bem verdade que o duelo foi equilibrado: superou o japonês em 11 dos 20 treinos do ano. No entanto, vale ressaltar que Kobayashi é um piloto muito veloz, sobretudo em treinos. Um típico osso duro de roer.

4º lugar: Lewis Hamilton. Nenhum piloto teve rendimento tão espetacular nos treinos classificatórios em 2012 quanto Hamilton. O inglês foi o único piloto que marcou presença em todos os Q3 da temporada. No ano, foi ainda o piloto que mais partiu da pole (sete vezes) e da primeira fila (11). Largou à frente do companheiro de McLaren, o compatriota Jenson Button, em 16 dos 20 Grandes Prêmios. Aliás, no confronto direto em corridas, nova vitória ao campeão de 2008. Das 13 ocasiões em que ambos receberam a quadriculada, Lewis superou a Jenson em nove.

Entre os pilotos que disputavam o título, Hamilton foi o que menos completou corridas: 14. Tal retrospecto pode parecer normal, pois o inglês é um piloto extremamente arrojado; é razoável afirmar que está mais passível a erros em pista que os adversários. Contudo, ao menos e, 2012, Lewis foi vítima em seus abandonos. Nos GPs da Bélgica, Europa e do Brasil, acabou atingido por adversários. Na Alemanha, não completou por conta de um furo no pneu de seu McLaren. Já em Cingapura e Abu Dhabi, o carro deixou-lhe na mão por problemas mecânicos.

Detalhe: destes GPs, Hamilton liderava dois – e brigava pela ponta em outro. Ou seja, perdeu pontos preciosos, que o colocariam de modo mais incisivo na luta pelo caneco.


3º lugar: Sebastian Vettel. Fez ao longo do ano exatamente tudo que se espera de um piloto de seu porte: foi extremamente rápido, não correu riscos desnecessários e, sobretudo, mostrou força psicológica para superar momentos difíceis. Na prova de domingo passado, por exemplo, caiu às últimas colocações após toque com o Williams de Bruno Senna, pouco após a largada. Mesmo diante do clima instável que assolou Interlagos, fez uma corrida de recuperação sem deslizes e assegurou o tricampeonato graças ao sexto lugar.

Outro momento de enorme superação por parte do tricampeão ocorreu na quarta etapa do ano, no Bahrein, quando faturou um hat trick (pole position, volta mais rápida e vitória). À época, a pressão sobre o alemão, que ocupava apenas o quinto posto na tabela de pontos, era enorme. Nas provas anteriores, os carros da McLaren e Mercedes mostraram rendimento superior aos da Red Bull. Além disso, até Alonso, mesmo com um Ferrari pouco competitivo, já havia conquistado uma vitória, em Sepang.

Reflexo de uma temporada equilibrada, com oito vencedores em 20 provas, Vettel faturou apenas cinco GPs em 2012. Foi o campeão com menor número de primeiros lugares em uma temporada nos últimos 25 anos – ao lado de Alain Prost, em 1989, e Lewis Hamilton, em 2008. Contudo, o alemão da Red Bull compensou com grande regularidade: pontuou em 17 corridas, 15 entre os cinco primeiros colocados.

É o cara certo. Na equipe certa.

2º lugar: Fernando Alonso. Basta o espanhol herdar posição de um adversário nas corridas para alguns colegas de imprensa soltarem o popular “Esse Alonso é sortudo”. Trata-se de um conceito absurdo. O espanhol nada mais é que um piloto extremamente rápido e competente, que raramente comete erros. Não à toa, completou 18 corridas em 2012. E esteve longe de ser o responsável por seus dois abandonos na temporada. Em Suzuka, acabou atingido por Kimi Räikkönen pouco após a largada; já em Spa-Francorchamps, também pouco depois da partida, foi uma das vítimas da barbeiragem de Romain Grosjean.

A regularidade foi quesito fundamental para que o asturiano chegasse à última prova do campeonato, em Interlagos, na disputa pelo título de Pilotos – mesmo com um carro que, por mais um ano, não esteve à altura de Red Bull e McLaren. Embora tenha largado na primeira fila em apenas três ocasiões, Alonso foi o recordista de pódios no campeonato: foram 13, com três primeiros, cinco segundos e cinco terceiros lugares. Também foi o piloto que mais vezes terminou entre os cinco primeiros colocados (em 16 GPs).

Mesmo sem faturar o tão desejado tricampeonato, Alonso fecha 2012 com o moral altíssimo. Moral, inclusive, para solicitar carro mais competitivo à turma de Maranello.

1º lugar: Kimi Räikkönen. Voltou à Fórmula-1 em grande estilo, com uma regularidade assombrosa. Completou nada menos que 1191 das 1192 voltas disputadas no campeonato. Foi o único piloto a receber a quadriculada nas 20 provas do ano e, de quebra, quem mais vezes pontuou. O único GP em que não ficou entre os dez primeiros aconteceu na China, terceira prova do campeonato, em abril. Na ocasião, obteve a 14ª posição.

Kimi terminou 11 provas entre os cinco primeiros. Sete delas no pódio. De quebra, ainda conquistou uma vitória, em Abu Dhabi. Por lá, deixou claro que sabe bem o que fazer… A Lotus não vencia na Fórmula-1 desde 31 de maio de 1987, com Ayrton Senna, no GP de Mônaco.

Nada mal para um piloto que voltara à Fórmula-1 após duas temporadas no Mundial de Rali. Nada mal para um piloto que tinha em mãos um Lotus, carro bem acertadinho, mas que apenas em esporádicas ocasiões fazia frente aos rivais Red Bull e McLaren.

Em tempo: apesar da hierarquia desse ranking, creio que a diferença de rendimento entre Räikkönen, Alonso, Vettel e Hamilton em 2012 foi minúscula. Tanto que, qualquer um destes pilotos fosse o vencedor da temporada, o título ficaria em boas mãos.

Comentários

  • Bruno/SP disse:

    Achei a volta do Schumacher melancolica, a recuperação do Massa interessante, a falta do Rubinho imperceptível, o retorno do Kimi bem-vindo, o desempenho do Webber mediano, o vice do Alonso importante, a vitória do Vettel esperada e que o Galvão continua um mala…

  • Uma das melhores maneiras para analisar o rendimento de um piloto é, geralmente, comparando-o com seu companheiro de equipe. Nesse caso, penso que Bruno mostrou-se mais consistente que Maldonado ao longo do ano – tanto que somou pontos em dez provas contra cinco do venezuelano. E olha que o Pastor já tinha uma temporada de F-1 no currículo, ou seja, estava, mais acostumado ao time inglês.

    Em contrapartida, Senna pecou pelos rendimentos discretos em treinos. Algo, em certa parcela, justificável pelo fato de nem sempre ser o piloto titular nos treinos de sexta-feira.

    Diria que Bruno Senna teve uma temporada boa, mas ainda insuficiente para empolgar ao circo da Fórmula-1.

    De qualquer modo, acumulou mais um ano de importante aprendizado. Aprendizado que poderá fazer a diferença mais para frente.

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