Teste: Nissan Versa S 1.0 2016 é um ótimo carro, mas eu compraria a versão 1.6

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Nissan Versa S 1.0 2016

Fiquei pensando, à caminho da concessionária, o que esperar de um sedã com espaço interno interessante, bom porta-malas, que tem como foco o espaço, mas que tem, debaixo do capô, um motor 1.0. Será que vai valer a pena? Não faltaria força no dia a dia e na estrada? Bem, antecipando a resposta: o Nissan Versa S 1.0 é um ótimo carro, mas eu compraria a versão 1.6. Entenda.

Passei uma boa semana com o Nissan Versa 1.0 S. Fui ao trabalho com ele, ao estádio de futebol, ao supermercado, peguei 120 km de estrada e, como antecipei aqui, a qualidade do sedã japonês fabricado em solo brasileiro, de maneira geral, é realmente muito boa, mostrando que os lançamentos mais recentes da Nissan (Versa, Sentra e New March) são ótimas opções de mercado no Brasil.

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Ângulo favoreceu o modelo, que é meio desengonçado

Motor 1.0 12V

O principal atrativo da linha 2016 do Versa, além do passaporte verde e amarelo, é o motor 1.0 12V de três cilindros, que fez a sua estreia com o New March, em março. Batizado de HR10, o propulsor desenvolve 77 cv de potência e 10 kgfm de torque, tanto com gasolina como com etanol – 3 cv a mais e mesmo torque se comparado à motorização 1.0 16V flex de quatro cilindros que saiu de linha. 

O HR10 é valente, com um ronco grave que é até legal, mas o achei muito ruidoso. Poderia ser algum problema de vedação acústica, mas confesso que esperava menos ruído vindo de um motor moderno. Por outro lado, ele não deixou a desejar em quase nenhum momento.

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Nissan Versa tem como principal atributo o espaço

Como ele tem três cilindros e 12 válvulas, você precisa se acostumar com o seu funcionamento, que mistura o comportamento de um carro com 8V com um de 16V. Digo isso porque ele “brilha” nas rotações intermediárias, entregando mais força entre 2.000 rpm e 4.000 rpm (torque máximo). Acima disso, ele perde um pouco de fôlego, embora a potência máxima seja atingida à 6.200 rpm. Um veículo com 8V costuma entregar mais força com rotações mais baixa, enquanto um 16V tem melhor desempenho com giros mais altos do motor.

Na prática, como qualquer 1.0 aspirado, o Versa teve problemas para ultrapassar quando estava com quatro pessoas, ar-condicionado ligado e uma quantidade razoável de bagagem. Nessas horas, explorar bem o câmbio e saber os momentos em que o carro entrega o máximo de potência e torque fazem a diferença. Ainda na estrada, o Versa se mostrou relativamente estável, com um comportamento previsível – eu diria até comum (o que não é uma crítica).

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Painel do Versa 2016 tem o trivial, mas ergonomia poderia ser melhor

Num trecho de rodovia, com muitas subidas e descidas, com esse “formato” de passageiros e bagagem que comentei, o Versa S 1.0 teve média de 9,6 km/l, com etanol no tanque. Na cidade de Belo Horizonte, com a sua topografia repleta de morros, o consumo foi de 7,9 km/l, também com o derivado da cana-de-açúcar. Confesso que esperava um número melhor, mais próximo aos 8,5 km/l sugerido pelo Inmetro, mas entendo que BH não colabora muito para médias de consumo.

Durante a semana em que rodei com o carro na capital mineira, não tive nenhum problema com o veículo. De maneira geral, precisei trabalhar sempre com o motor um pouco mais cheio, pois o número de subidas em Belo Horizonte é grande. Em vários momentos, fui obrigado a recorrer a uma primeira marcha para superar algumas ruas, mas nada fora do comum para um carro 1.0.

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Nissan Versa S 1.0 2016 – Média de consumo na cidade: 7,9 km/l com etanol

Mesmo com 4,492 m de comprimento, o Versa até coube na maioria das vagas, mas também fui obrigado a deixar algumas para traz, mais indicadas para um March, por exemplo. O sedã da Nissan também passou no “desafio do estacionamento” da minha garagem, que obriga o motorista a passar por um espaço estreito, graças à sua largura de 1,695 m (que, por outro lado, limita um pouco o espaço lateral para os passageiros).

O que fez falta mesmo foi um sensor de estacionamento como item de série na versão S, a “topo de linha” com motor 1.0, assim como cinto de três pontos e apoio de cabeça para o passageiro central traseiro (falha grave no século 21).

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Botão do retrovisor elétrico fica baixo e mal localizado (ao lado esquerdo do volante)

Detalhes

Ainda na parte de dentro do Versa, faltam alguns detalhes que melhorariam um pouco a sua praticidade, como o sistema one touch para subir e descer o vidro do motorista (não só descer), luz para o botão de ajuste do retrovisor elétrico (que é muito baixo), botão (ou alavanca) para abertura interna do porta-malas e, algo bem simples, iluminação no porta-malas.

Outro aspecto que melhoraria a praticidade e, também, a ergonomia interna, seria oferecer ajuste de profundidade do volante e remanejar a posição do ajuste de altura do banco e de inclinação do assento, que ficam com o acesso prejudicado pelo apoio de braço da porta do motorista.

Já o quadro de instrumentos, com luz alaranjada, deveria ser trocado pelo Fine Vision (item de série nas versões 1.6) – algo que tornaria o painel mais bonito, moderno e eficiente. Outro ponto que precisa de melhoramento urgente é o barulho do ventilador. Até achei que poderia ser algo da unidade testada, mas entrei em mais dois Versas e em um New March e verifiquei que o barulho é mesmo alto. Confira:

Pode não parecer, mas, num ambiente externo silencioso, o ruído interno causado pelo ventilador incomoda, não importa a velocidade.

O sistema de audio do Versa 1.0 S 2016 funcionou muito bem, com entradas auxiliar e USB, CD Player, leitor de MP3/WMA e comandos no volante. Mas a qualidade das caixas de som poderia ser melhor e o visor do rádio um pouco maior, para facilitar uma assimilação mais rápida das informações.

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Nissan Versa 2016: Espaço traseiro é bom, especialmente para as pernas

Espaço

Se o sedã da Nissan oferece uma qualidade mecânica interessante, mas peca em alguns detalhes, um ponto que foi bastante elogiado, não tanto pelo motorista, mas sim pelos passageiros, foi o espaço interno, especialmente para as pernas no banco traseiro (os mais altos podem bater a cabeça no teto).

A filha do meu amigo brincou que o “banco parecia até um sofá” devido ao espaço. Quando disse ‘não tanto ao motorista’, como tenho 1,97 m de altura, senti falta de um pouco mais de espaço para a perna e para a cabeça, mesmos com os ajustes disponíveis. Outro ponto falho, que já comentei, é a falta de um ajuste de profundidade do volante, que é algo muito útil.

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Porta-malas do Versa 2016 tem capacidade para 460 litros

O porta-malas parece ter mais volume do que os ótimos 460 litros de capacidade de carga. Se a tampa tive o sistema pantográfico, ao invés das hastes convencionais, com certeza levaria mais carga. Ainda assim, é compatível com a proposta do veículo.

Já o tanque de combustível poderia ter um volume maior, saindo dos pequenos 41 litros para, no mínimo, 46 l, o que melhoraria a autonomia do sedã.

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Versão topo de linha com motor 1.0 tem um discreto S na traseira

Preço, equipamentos e principais concorrentes

Em termos de design, a atualização visual da linha 2016 fez bem ao Versa nacional, com uma dianteira “maior” e mais parruda”. Mas o jeitão meio desengonçado do modelo da Nissan, que sei que cativa muita gente, continua.

O Nissan Versa S 1.0 2016 testado tem, como principais equipamentos de série, ar-condicionado, direção elétrica progressiva com regulagem de altura; computador de bordo; conta-giros; banco do motorista com ajuste de altura; vidros dianteiros elétricos com função 1.0 “one touch down” para o motorista; rodas de aço de 15” com calotas integrais; airbag duplo; freios ABS com controle eletrônico de frenagem (EBD) e assistência de frenagem (BA); maçanetas e retrovisores externos na cor do veículo; retrovisores externos com regulagem elétrica (itens de série da versão de entrada); rodas de liga leve de 15”; rádio CD Player, entrada auxiliar para MP3 Player/ iPod, conector USB, 4 alto-falantes e bluetooth e comando de áudio e telefone no volante (oferta que diferencia a versão S).

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Nissan Versa é produzido no Rio de Janeiro

O preço sugerido do Versa S (acabamento mais “requintado” com motor 1.0) é R$ 45.490. Ele está dentro do esperado, mas poderia ser um pouco mais agressivo, uma vez que o Ford Ka+ SE Plus 1.0 parte de R$ 45.690, que o Renault Logan Expression 1.0, com o único opcional disponível, Techno Pack (sistema multimídia Media Nav Evolution com tela sensível ao toque de 7″ e sensor de estacionamento), tem valor sugerido de R$ 45.550; o Chevrolet Prisma LT 1.0, depois do corte de preços praticado pela GM, agora vale R$ 44.690 (com todos os opcionais) e o Volkswagen Voyage Comfortline 1.0, que continua o mais caro de todos, pode ser encontrado a partir de R$ 46.890.

Resumo da obra

Como adiantei, a qualidade do Versa, de maneira geral, é realmente muito boa, mostrando que os veículos da safra atual da Nissan, composta, principalmente, por Versa, Sentra e New March, são os melhores que a marca já teve no mercado brasileiro.

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Versa 2016 X Versa 2014 – dianteira

Mas você deve se perguntar: então por que você não compraria o Versa S 1.0 2016? Simples: se eu morasse em Brasília ou em outra cidade plana, sem dúvida, o sedã da Nissan, com motor 1.0 12V, seria um sério candidato à minha garagem.

Mas, morando numa cidade e num estado repletos de subida e descidas, eu não pensaria duas vezes e compraria o Versa 1.6 SV 2016. Mesmo pagando R$ 2.000 a mais, pois a versão custa sugeridos R$ 47.490, eu teria mais potência e torque – bem mais adequados para Belo Horizonte, Minas Gerais e para qualquer percurso em estrada. São: 111 cv de potência e 15,1 mkgf de torque. E ainda levaria de “brinde” o painel Fine Vision, embora perdesse as rodas de liga-leve.

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Versa 2014 X Versa 2016 – Traseira

Para concluir, se você precisa de um sedã interessante, com bom espaço, e que sirva de apoio em casa ou que, até mesmo, seja o principal veículo da casa, leve me consideração o Versa S 2016. Se a sua cidade for plana, pesquise entre o Versa 1.0 e 1.6. Se não for, e/ou se você pegar muitas estrada, vá de Versa 1.6.

Comentários

  • Rodrigo Torres Guasch disse:

    Renato, nos parágrafos finais teve dois erros de digitação, acredito.
    Um deles vc colocou cidade “planta” acredito ser “plana”. O outro foi “eu não pensaria suas vezes”… acredito que seria “duas”…
    Com relação ao ar condicionado barulhento, isso tb me incomoda e muito. Tenho um Cívic 2005 e ele é tranquilo. Já quando entro no carro da minha esposa, um Fox 2014, a partir do número 3 se torna insuportável pra mim.
    Abraços

    • Renato Parizzi disse:

      Corrigido! Obrigado!

      Sobre o ventilador, o vídeo não conseguiu demonstrar como eu queria o barulho. Mas realmente me incomodou.

      Um abraço!

      • Rodrigo Torres Guasch disse:

        Eu tenho, acredito, a mesma sisma com ruídos no carro. Qualquer barulhinho eu começo a pensar, de onde está vindo? E se for algo como o ar condicionado, eu fico naquela, “está calor? Aumenta a potência do ar… Muito barulho? Abaixo a potência do ar”… Um vai e vem sem parar… Quando puder, faça um teste no Sentra. Pretendo trocar ano que vem meu carro e estou entre Focus, Sentra, Cívic e Lancer…por volta dos 70.000,00 a 75.000,00… Darei a entrada que me garanta o restante sem juros…. obrigado

    • Renato Parizzi disse:

      Bruno, a Nissan me entregou o carro com etanol no tanque. Infelizmente, pelo período em que fiquei com o carro (uma semana), não foi possível esvaziar o tanque de etanol para poder rodar exclusivamente com gasolina. Eu precisaria ficar com o Versa, pelo menos, o triplo do tempo para conseguir esvaziar dois tanques de combustível. Um abraço!

  • Rafael Dias disse:

    Comprei um Unique 1.6. Estou gostando muito. O ventilador do ar condicionado é bem silencioso, nem se compara com o do meu carro anterior (Renault Scénic).

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